Faixa-a-faixa disco Maglore

Faixa-a-faixa: vocalista da Maglore disseca novo disco da banda

O novo disco da Maglore, ‘Todas as Bandeiras’, ganha um faixa-a-faixa pra gente entender e curtir melhor.

De uma banda que começou com referência diretas, e até óbvias, a Beatles e Los Hermanos, para um grupo maduro, com personalidade e com uma produção pop de respeito, a Maglore chega a oito anos de estrada lançando ‘Todas as Bandeiras’. Depois de mudanças de formação, o grupo voltou a ser um quarteto, com a saída o baixista Rodrigo Damati, e volta do de Lelo Brandão para a segunda guitarra e a entrada do guitarrista Lucas Oliveira. Quarto trabalho de estúdio da banda, o novo álbum abre ainda mais o leque de caminhos da banda, agora propondo discutir e propor mais abertamente aspectos políticos à sua volta em meio a seu romantismo característico e crises existenciais. ‘Todas as Bandeiras’, segundo disco pela Deck Disk, traz 10 faixas inéditas e autorais produzidas por Rafael Ramos e Leonardo Marques. Para explicar melhor o novo trabalho, pedimos para Teago Oliveira, vocalista, guitarrista e principal compositor do grupo, falar um pouco sobre cada uma das faixas.

Veja também: Maglore lança “Todas As Bandeiras” em Salvador.

Aquela Força
“Parceria com Luiz Gabriel Lopes, que me trouxe aquele refrão no violão e eu achei que casava muito com o que queria fazer. A música fala dessa coisa interna que nos move, dessa força motriz que temos em comum com os bichos, de alguma forma existencial de força. A banda fez os arranjos e eu construí a parte C (o final, “você só vai saber vivendo”) que é uma música dentro da outra. Acho uma das mais enérgicas do disco.”

Todas as Bandeiras
“É uma canção de insurgência ao status quo. Não é panfleto, não tem partidarismo, mas é uma reflexão sobre a evolução social que estamos imersos. Essa coisa do conhecimento cada vez maior do povo, cada vez mais difícil de ser enganado e ainda assim manipulado, massacrado. A gente escolheu uma estética anos 70, aquele clima de Motown, que remete o “power to the people” ali dos anos 70. A gente gosta dessa sonoridade.”

Clonazepam 2mg
“É a primeira vez que a Maglore soa anos 80 nos timbres de guitarra. A gente pira no Conan Mockassin e a canção é bem lúdica. Eu quis que ficasse aberta a interpretação, mas acabei fechando ela um pouco no título. É uma música sobre crise de ansiedade/histeria. É um tema atual e também pessoal, mas só tomei o remédio recreativamente, rsrs.”

Me deixa legal
“Foi a primeira música a ficar pronta. É uma canção que fiz ao observar essa coisa frenética de hoje: a quantidade de informação pra assimilar e a forma talvez plástica com que a gente lida com isso, com esse ambiente de embate. Ao mesmo tempo acho que ela tem uma vibe “cool” e popular, essa coisa de apesar disso tudo, dá pra ficar legal.”

Jogue Tudo Fora
“É uma faixa bem humorada pra situação de separação de um casal. Peguei de referência a música “Incompatibilidade de Gênios” de João Bosco, do disco “Galos de Briga”, com alguma coisinha ali do “Mico de Circo” de Luiz Melodia e algo que pra mim tem a ver com o “frascos” de Ronei no refrão, a melodia vocal, talvez. Essas coisas são bem inconscientes. Daqui até a faixa 8 o disco aborda diferentes faces do fim de um relacionamento.”

Hoje eu vou sair
“Segue a história de “Jogue Tudo Fora”, de quando um lado do casal decide sair da inércia e ir pra pista. Essa tem um quê de frevo-rock e eu estava ouvindo bastante o “Director”, disco de Yonatan Gat, guitarrista israelense que curto muito.”

Eu consegui
“É uma espécie de “samba-impala”, heheheh. A gente curte esses efeitos da moda, essa coisa Conan Mockassin, Pond, Tame Impala, só que a gente não sabe ser gringo, então mistura com nosso tipo de canção. Nessa música o discurso é inteiramente retórico e auto-explicativo. Uma autoreflexão quase sádica sobre os erros cometidos.”

Quando chove no varal
“É uma espécie de “Vento no Litoral” (Legião Urbana) no quesito “canção deprê do disco”. Não tem muito sentido pra fora, é uma canção sobre momentos de duas pessoas. É a única música lenta do disco, mas também é deveras arrastada. Tem essa coisa meio space-rock 80’s que a gente adorou fazer.”

Calma
“É uma música de Lucas Oliveira, fala dessa coisa de nosso tempo, de não se desesperar com as coisas e aproveitar o movimento “let it be”, “let it bleed”. É uma canção meio Beatles mas na minha cabeça tem um treco “Flaming Lips”, só que mais doce. É a música mais divertida de tocar ao vivo.”

Valeu, Valeu!
“É o encerramento do disco. Mais uma vez rolou uma chupada do Yonatan Gat quando a música veio pra banda. No violão a intenção dela trazia algo de Raul/Dylan na melodia vocal quase falada e a batida bem rápida. A gente brincou dessa vez com um ritmo mais frevo baião, e entupimos as guitarras de reverb. A gente se diverte fazendo esse tipo de coisa. Essa música é uma colagem de duas canções, a parte rápida minha e a parte lenta de Lucas. A gente achou esquizofrênica mas muito divertida, ao vivo principalmente.”

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