Coletâneas Bahia

Coletâneas mapeiam nova safra da música da Bahia

Coletâneas apresentam a produção contemporânea musical da Bahia.

A música baiana passa por um momento de transformação. Se a indústria que emplacou os sucessos radiofônicos durante mais de vinte anos por aqui vive uma crise, a produção mais autoral, independente e diversificada vive um momento de consolidação. Uma fase também de mudança de caras. Enquanto alguns veteranos deixam de ser os protagonistas, vários novos nomes aparecem com trabalhos consistentes e promissores. Uma das mostras disso está sendo lançada em primeira mão aqui no el Cabong. Trata-se da coletânea Outro Jeito – Da Bahia Pro Mundo, que reúne 13 bandas e artistas baianos dessa nova safra.

A compilação faz um interessante apanhado dessa nova produção, priorizando bandas de rock, mas se abrindo para outras vertentes da música feita na Bahia. Para o produtor e músico Irmão Carlos, responsável pela iniciativa, a coletânea chega em um momento em que a Bahia possui uma grande variedade musical na prateleira, mas que precisa ser melhor mostrada. “Sinto falta de coletâneas atualmente… Há algum tempo o shufle do aparelho de mp3 é nosso seletor.  Acredito na compilação como um retrato. E esse retrato eu mesmo resolvi fazer. Registrando um momento bacana que a gente está vivendo na música produzida na Bahia”.

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Gravada por ele em seu próprio estúdio, Caverna do Som, e integrando o projeto Ponto Sonoro 2016, ação do Espaço Cultural Dona Neuza, no bairro G. Marback, em Salvador, a coletânea conseguiu de fato captar o bom momento da produção baiana. Estão lá nomes mais rodados como a veterana banda punk Pastel de Miolos, o músico Ênio, ou até mesmo a banda Vendo 147, com sua nova formação, e o próprio responsável pelo projeto, que aparece cantando com a luxuosa companhia da banda IFÁ Afrobeat.

O cenário mais atual do rock soteropolitano aparece com alguns dos nomes que vem chamando atenção recentemente, como as bandas Lo HanIvan Motosserra e Ronco, além do cantor Duda Spínola e do grupo Exo Esqueleto. A fértil cena do interior do estado também marca presença, com as banda Limbo (Alagoinhas), Calafrio (Feira de Santana) e a própria Pastel de Miolos, que é de Lauro de Freitas. E se o rock é maioria, nomes que misturam ritmos mais tipicamente baianos também forma incluídos, é o caso da Tabuleiro Musiquim, com sua música pop tipicamente baiana, e da novíssima FunFun DúDú, com uma espécie de quebradeira jazzística ou algo assim.

A seleção foi feita pela curadoria do Ponto Sonoro 2016, que escolheu seis bandas/artistas entre as que se apresentaram na programação do projeto. Outras três foram convidadas pela comissão. Ainda houveram três faixas cedidas a alguns dos selos mais importantes do cenário musical baiano, Brechó Records, Big Bross e São Rock, além do próprio Irmão Carlos. Segundo ele, a equipe levou em conta, não só a qualidade e potencial musical, mas a forma e o caminho que a banda/artista vem trilhando. “O que a gente vê muito, é banda querendo participar dos eventos, dos festivais… mas quando você vai na página delas no facebook, por exemplo, não tem postado nem o próprio show… as ferramentas estão aí, é só utilizar, ser um elo da cena é fundamental”.

Ouça abaixo a coletânea Outro Jeito – Da Bahia Pro Mundo:

Mapa Musical
Na entrevista com o el Cabong, Irmão Carlos lembrou dos contatos que teve com coletâneas de músicas da Bahia. Desde o vinil Rock 96 (1991), uma preciosidade, de “quando a Bahia tinha bandas de rock tocando nas rádios”. Tivemos ainda, anos depois, a compilação Umdabahia, do Garage Rock Festival. “Nesse dia eu pensei em participar de um disco desse, cheio de bandas e com uma grande capacidade de multiplicação de público, mesmo ainda sem nem ter uma banda”, conta ele. Em seguida vieram o Doisdabahia, Tresdabahia, Na Mosca, Telefanzine, entre outras.

As coletâneas realmente rarearam, mas além da Outro Jeito – Da Bahia Pro Mundo, recentemente tivemos o lançamento das coletâneas do Mapa Musical da Bahia, com uma caixa incluindo cinco CDs de artistas de diversos estilos. Cada um dos cinco volumes com foco em estilos e cenas específicas. O Volume I, destaca Instrumental, Jazz, Experimental e Erudito, reúne nomes como Luiz Brasil, Heitor Dantas, Aderbal Duarte e Sanbone Pagode Orquestra. O II, com foco em Rap, Reggae, Dub, DanceHall e Ragga, traz artistas como Saca só, Coscarque e Soraia Drummond. O III, com nomes de Rock, Blues e Pop, apresenta bandas como Inventura, Toco Y Me Voy, Ladrões de Vinil
Cascadura e Pastel de Miolos. O volume IV é focado em MPB, Samba, Pagode, Samba de Roda e Afro, e reúne artistas como Juliana Ribeiro, Suinga, Pirombeira, Manuela Rodrigues, Luciano Salvador Bahia, Clécia Queiroz e Dois em Um. O último, o V, destaca Cantoria, Tradicional Popular e Forró, com nomes como Sertanília, Sapiranga e Alisson Menezes.

SONY DSC Coletâneas Bahia

Criado em 2012, o Mapa Musical da Bahia tem como objetivo mapear informações e artistas de todo estado. Nele, qualquer compositor atuante no estado da Bahia pode cadastrar suas obras. Para os interessados em participar do projeto, as inscrições para a 5ª chamada do projeto estão abertas até 23 de julho. Elas podem ser feitas pela internet, através do site www.mapamusicaldabahia.com.br, ou pelos Correios, mediante envio de formulário disponível no site. Neste mesmo período acontece também o recadastramento dos inscritos, indicados ou não, no Mapa Musical de 2012, 2013 e 2014. Desde a 4ª chamada o recadastramento dos artistas inscritos nas edições anteriores se faz obrigatório para a atualização do banco de dados.

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