O fim de semana de shows em Salvador

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A grande expectativa do fim de semana em Salvador era como seria o Festival da Primavera organizado pela Prefeitura no Rio Vermelho. Teve no entanto muito mais do que isso na cidade. Como tem sido, desde a quinta-feira, diversos shows e festas aconteceram pela capital baiana. Impossível ir a todos, mas o el Cabong esteve em alguns. Em destaque a presença da música pernambucana e mais um show que mostra o imenso poder de fogo do BaianaSystem.

Na sexta, na Commons, a banda Eddie voltou para mais uma apresentação na cidade. Cabe falar da excelente iniciativa da casa com artistas de fora do estado, como a própria Eddie, além de Curumin, Lucas Santtana e Wado. A parceria cria um circuito permanente, com os artistas vindo de três em três ou de dois em dois meses, mantendo uma frequência na cidade. No acordo, o artista entra no risco com a casa, dependendo de bilheteria. Algo muito mais próximo da realidade de qualquer produção ou cidade que não tem um Sesc bancando cachês altos. Com isso, Salvador ganha shows destes artistas com frequência. Bom pra todo mundo.

O show das Eddie não foi o melhor desta sequência deles por aqui, mas foi muito bom, o suficiente para a banda mostrar mais uma vez porque tem um público fiel na cidade. Aliás, bom público presente mais uma vez. Com um repertório vasto, que passeia pelos quatro últimos álbuns lançados por eles, o primeiro raramente aparece, a banda faz ao vivo o que sempre fez em seus discos, mescla samba, gafieira, frevo, pop, rock e ritmos diversos.

Em duas horas de show, com direito a bizz com muito frevo, a banda focou no seu disco mais clássico, ‘Original Olinda Style’, tocando quase todo: “Sentado na Beira do Rio”, “Peixinhos”, “Pode Me Chamar”, “O Amargo”, “Urubu, Gabiru, Cachorro e Gente” e “Não Vou Embora”. Dos outros discos, alguns dos principais hits, como “Lealdade”, “Vida Boa”, “Quando a Maré Encher”, do ‘Metropolitano’, “Bairro Novo/Casa Caíada”, “O Baile Betinha”, “Gafieira no avenida”, “Desequilibrio”, “Eu to cansado desta merda”, do ‘Carnaval no Inferno” e “Ela vai dançar”, “Veraneio”, “Você quer ir frevar?”, do ‘Veraneio’.

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No sábado, a música pernambucana foi mais uma vez destaque, desta vez no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho. Na abertura, o projeto Ponto Br, que junta artistas de Pernambuco, Maranhão, Santa Catarina e São Paulo para fazer um apanhado da música tradicional e popular brasileira. Em seguida, Siba, que fez um show lindo lançando finalmente em Salvador seu disco ‘Avante’ também para um público muito bom. Pegando elementos da cultura regional, tradicional, por vezes tratada como folclórica e dando uma roupagem contemporânea, sem querer soar como fruto de pesquisa, mas saindo com algo natural. Como um homem do século XXI, moderno, urbano, pode expressar o que fez parte de um universo em seu entorno, físico e sensorial.

No palco uma banda com formação diferente do habitual (bateria, percussão, teclado e uma tuba, no lugar que seria normalmente de um baixo), mas precisa em abraçar a sonoridade criada por Siba, que com sua guitarra, voz e modo peculiar entoava aquele universo com letras particulares e poéticas, como pouco se encara hoje. Ao som de cirandas, pontos de maracatus, rock e música pop, fez um desfile de belezas poéticas do disco “Avante” e de música de seus projetos anteriores, seja a obra prima “Alados” com a Fuloresta ou uma inesperada lembrança do Mestre Ambrósio. Show para se ver sempre.

Correndo deu para pegar parte do show da BaianaSystem no Rio Vermelho, dentro do Festival da Primavera. O Cortejo Afro e Márcio Mello já tinham se apresentado. Era um evento marcante por diversas razões. A prefeitura deixava de lado as costumeiras apostas em shows de mega artistas de axé, pagode e similares e investia numa noite com atrações do chamado circuito independente. Apesar de problemas (faltou policiamento, espaço para lixo, banheiros químicos e diálogo com as casas de shows do bairro) deu certo. Mais do que isso, foi importante para a cidade, mais um evento para a população ocupar as ruas. Já existem diversos outros na cidade, mas esse com dimensões maiores e focado em música nova.

A ascensão do BaianaSystem, atração principal da noite, foi posta a prova e mesmo com um som aquém do necessário, a banda mostrou que já ultrapassou uma fronteira de banda para um público específico. Passou na prova de conquistar quem não conhecia o som. O Rio Vermelho lotado recebeu muito bem a mistura de dancehall, música afro-baiana, dub, afrobeat, reggae, pagode, arrocha e guitarra baiana do grupo, cantando junto e fazendo algo como um Carnaval em plena noite boêmia do Rio Vermelho. Com participações de MC Kiko, Letieres Leitte e Márcio Mello, o Baiana desfilou seus hits, apresentou novidades e se não fez o melhor show da carreira, deu mais um salto gigante para se tornar algo muito grande e, melhor, popular. Veja como foi.

Fotos: divulgação (Baiana System) e Carol Morena (Siba)

 

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