Histórico. Assista o show completo do BaianaSystem com a OSBA

Há alguns anos, o BaianaSystem tem feito os melhores shows do Brasil. Por onde passa, a banda imprime sua marca em apresentações catárticas. No último dia 2 de julho, dia da Independência da Bahia, o grupo fez mais um de seus shows históricos. Numa Concha Acústica lotada, apresentou o ‘Concerto da Independência, dividindo o palco durante pouco mais de uma hora com os músicos da OSBA  – Orquestra Sinfônica da Bahia. O encontro faz parte do projeto Osba+, no qual a orquestra se apresenta com artistas de outros gêneros musicais.

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No repertório, uma junção de trechos de peças de concerto, incluindo também o “Hino ao Dois de Julho”, e as músicas dos dois mais recentes álbuns do Baiana, ‘Duas Cidades’ e ‘O Futuro não Demora’. Elas ganharam novos arranjos especialmente criados para a ocasião. O resultado foi impressionante e emocionante, entrando no rol de shows inesquecíveis da banda. Certamente um dos melhores realizados nesse ano.

Não é comum testemunhar uma sintonia tão forte entre músicos de universos tão diferentes, a música de concerto e o pop eletrônico. Guitarra baiana, violinos, beats eletrônicos, naipe de sopros, percussão numa harmonia tocante. Tudo isso somado ao comportamento respeitoso e vibrante do público, que atuou como a outra parte essencial da apresentação. A platéia fez sua parte, dançando e cantando com sempre, mas também parando para ouvir e prestar atenção nos detalhes e nos instrumentos da orquestra. Dificilmente esse encontro vai se repetir, ficando a experiência completa só para quem esteve lá.

Veja abaixo como foi o Concerto da Independência:

BaianaSystem conta experiência com a OSBA

“Em setembro de 2016, começamos a ter encontros, ainda sem saber direito o caminho que estávamos trilhando, com o Maestro Ubiratan Marques. Ele começava a desvendar para nós o universo sinfônico, seus motivos melódicos, suas pontes, seus caminhos. Tudo isso aliado à aura da orquestra Afrosinfônica.

Começamos por um tema instrumental já nosso, quando ele detectou o que seria uma identidade do BaianaSystem: o contraponto médio agudo da guitarra baiana e o grave das linhas de baixo. Isso foi um fio condutor para os primeiros arranjos de ”Fogo”. Logo depois veio “Água”, um ijexá banhado de cânticos yourubás, e em seguida caminhamos para uma ideia de sinfonia, a “Sinfonia do fogo”.

Depois disso, uma primeira imersão: uma semana isolados numa casa na Estrada do Coco. Primeiras audições dos arranjos, a junção com o eletrônico, os timbres e um novo comportamento musical. Isso foi evoluindo e entranhando em nossa música, banhando o novo disco que estávamos compondo. Não por acaso, abrimos “O futuro não demora” com “Água” e fechamos com “Fogo”.

Nesse caminho de sons e estrada, algumas vezes encontramos o maestro Carlos Prazeres. Ele já vinha revolucionando a Orquestra Sinfônica da Bahia com apresentações ousadas, trazendo um público cada vez maior e com a missão de popularizar a música de concerto. Algumas vezes ele falou da vontade de juntar OSBA e BaianaSystem, vislumbrando a potência desse encontro.

Essa vontade ficou rondando a OSBA e BS por um bom tempo até que definimos a data: 2 de julho, independência da Bahia! Sentimos a força disso. Tínhamos tocado em 7 de janeiro na independência de Itaparica, mergulhado na sua importância, a presença dos caboclos, que já haviam passado por “Capim-Guiné”, e a vontade de juntar esses pontos da história.

Além disso, se colocou a possibilidade de trazermos para esse encontro um outro Maestro igualmente revolucionário. Decisivo para a música produzida na Bahia nos últimos 12 anos, Letieres Leite sempre foi muito próximo de nós. Entendemos que de alguma forma teríamos ali a representação mais clássica de uma orquestra tradicional, se movendo para uma comunicação cada vez mais direta com o público. A força revolucionária da Rumpilezz e a poesia e herança da Afrosinfônica.

No primeiro dia de ensaio já sentimos a magia. Foi muito mais fácil do que parecia. Não era um ensaio, era uma experiência. Real e transcendente. Cada execução dos arranjos era vibrada, sentida e aquilo criou um significado muito maior que um show. O concerto da independência foi para nós um divisor de águas, onde pudemos ver a música reger a essência do que estávamos fazendo em cada momento.”

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