5 álbuns diversos com menos de 10 anos para prestar atenção

Nesse quadro de memória lembramos cinco álbuns diversos, brasileiros e de vários cantos do planeta, lançados há menos de 10 anos, que você não pode deixar passar.

Existe um saudosismo exagerado no Brasil e a sensação de que atualmente não temos uma música brasileira rica. Muito disso pelo fato da mídia hegemônica brasileira, especialmente emissoras de Rádio e TV, não darem atenção à nossa diversidade. Existe, entretanto, uma produção farta, fértil e muito criativa em todo país, com muitos nomes produzindo música de excelente nível, criativa e diversa. O melhor é que vivemos um tempo único em que quase tudo isso está a um clique de nossos ouvidos.

Veja também:

– 40 álbuns lançados nas últimas semanas para nos salvar.
– Explore a diversidade do mundo através de rádios espalhadas por vários países.

Não só essa produção brasileira, mas quase toda a música do mundo está disponível como nunca e devemos aproveitar isso, ao invés de nos contentarmos apenas com o que nos é oferecido. Hoje temos acesso fácil ao que é produzido na América Latina, na África ou nos confins da Ásia. Tudo pode ser acessado de uma forma como nunca antes. Aqui vão umas dicas para facilitar. São álbuns diversos, brasileiros e de vários cantos do planeta, todos lançados há menos de 10 anos:

Systema Solar – La Revancha del Burro (2013)

Uma das cenas musicais mais interessantes do mundo há alguns anos é a da Colômbia, com uma profusão de novos artistas mostrando uma música afro caribenha que flerta com as tradições, mas é totalmente atual. O System Solar é um dos principais nomes dessa cena. Com origem na Colômbia caribenha, eles se consideram um coletivo audiovisual que fazem o que chamam de “Berbenautika”. A ideia é promover espetáculos inspirados nos pikós (sound systems) e na festa popular verbena, unindo ritmos locais como champeta, língua de boi e cumbia com música eletrônica e hip hop. Este é o segundo álbum da banda, divertido, dançante, mas também político e rebelde. Ouça também Bomba Estereo e Meridian Brothers. Saiba mais sobre Systema Solar.

Zé Manoel – Canção e Silêncio (2015)

Sempre que conheço ou encontro alguém com mais de 40 dizendo que não há nada de interessante na música brasileira atual eu sugiro que ouça Zé Manoel. Ele é um pernambucano de Petrolina, pianista, compositor e cantor de mão cheia, que faz uma música com extrema competência e delicadeza. Esse disco pra mim é um dos mais bonitos da música brasileira contemporânea e já um clássico. De uma beleza comovente que remete a Edu Lobo, Dorival Caymmi e a várias de nossas tradições, ao mesmo tempo que é totalmente contemporâneo. Se delicie e se emocione com algumas das mais belas canções que você vai ouvir atualmente. Saiba mais sobre Zé Manoel.

Dona Onete – Banzeiro (2016)

Cantora, compositora e poetisa, Dona Onete só lançou seu primeiro disco aos 73 anos, em 2012. Ela já lançou outros dois discos na sequência e em pouco tempo se tornou um dos principais nomes da música paraense. Nesse segundo trabalho, de 2016, apresentou mais uma coleção de ótimas músicas de sua lavra, tendo como inspiração sua própria vivência histórico-cultural. São carimbós safados, boleros deliciosos, além do frenético banguê, um ritmo tradicional herança dos negros escravizados que foram trabalhar nas lavouras de cana do Pará. Destaque para ”No Meio do Pitiú”, “Tipiti”, “Proposta Indecente” e a música título, que foi regravada por Daniela Mercury. Mesmo aos 80 anos, Dona Onete continua circulando com seu show pelo mundo e deve lançar outros discos, já que tem mais de 300 composições inéditas guardadas. Saiba mais sobre Dona Onete.

Bombino – Deran (2018)

Nas possibilidades de navegar pelo mundo, uma das descobertas mais ou menos recente é o Desert Blues, ou blues do deserto. Uma música que faz parte da cultura milenar produzida pelos povos nômades do Saara e tem como um dos destaques Omara Moctar, mais conhecido como Bombino. Sua marca é a virtuosa guitarra elétrica com tonalidades e timbres tradicionais mesclados ao rock mais tradicional. Esse disco marca o retorno do artista à terra natal, depois de rodar o planeta. Nascido tuaregue, ele canta na língua tamasheq sobre a vida de seu povo, mas mesmo sem entender nada do que ele fala, é possível se emocionar com a beleza de sua arte. Para conhecer melhor o Desert Blues, existem outros excelentes nomes como Tinariwen, Ali Farka Touré , Songhoy Blues, Mdou Moctar e Vieux Farka Touré. Saiba mais sobre Bombino.

Lívia Nery – Estranha Melodia (2019)

Demorou para Livia Nery lançar seu primeiro disco, mas as expectativas foram superadas. A cantora, compositora e produtora baiana já havia mostrado suas qualidades, mas nesse álbum ampliou ainda mais as possibilidades de sua música. Como poucos, conseguiu unir canções e beats eletrônicas, manter unidade sendo urbana e rural, cosmopolita e rústica, diurna e noturna. Namora o trip hop, flerta com a Jamaica e se une à música brasileira com a intimidade de uma veterana. Uma estreia primorosa. Saiba mais sobre Livia Nery.

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