80 discos 2018

80 discos do primeiro semestre de 2018 que você deveria ouvir (pt. 1)

A produção musical continua rendendo excelentes trabalhos das mais diversas vertentes musicais e de todos cantos do mundo. 2018 não poderia ser diferente e o el Cabong fez um apanhado dos 80 discos lançados no primeiro semestre que não devem passar despercebidos. Inicialmente, destacaríamos 50 trabalhos, mas foram tantos os que chamaram atenção que ampliamos para 80 e decidimos dividir em quatro partes. Nessa primeira temos 20 álbuns de artistas de diferentes estilos e gêneros musicais. Entre os baianos, estão a cantora Illy e o cantor e compositor Ronei Jorge. Os nomes brasileiros incluem novidades como Maria Beraldo e Craca e Dani Nega, alguns já com um tempo de estrada como Wado e Autoramas e veteranos como Erasmo Carlos. Há ainda uma diversidade de artistas internacionais que passam pela África de Bombino, do Níger, e Ammar 808, da Tunísia; pela Nova Zelândia, de Jonathan Bree; pela Inglaterra, das bandas Whyte Horses e Hookworms; pela Espanha, da banda punk Los Nastys, e por vários nomes dos Estados Unidos, Courtney Barnett, Kyle Craft, Lucy Dacus e Pusha T, as bandas Parquet Courts e Mazzy Star e ainda o projeto do chileno-americano Nicolas Jaar, A.A.L (Against All Logic).

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A.A.L (Against All Logic) – 2012 – 2017

(2018, Other Music)
Chile/ Estados Unidos
Eletrônica/ Experimental
Against All Logic, ou A.A.L, é um entre tantos projetos do respeitado produtor e compositor chileno-americano residente em Nova York, Nicolas Jaar. Com esse codinome ele havia lançado pouca coisa e o título do álbum faz crer que é uma espécie de compilação de faixas, talvez criadas no período entre 2012 e 2017. Nele, Jaar experimenta samples, timbres e sonoridades, fazendo seu deep house soar orgânico e um tanto nostálgico.

Ammar 808 – Maghreb United

(2018, Glitterbeat Records)
Tunísia
Ritmos do Magreb/ Eletrônica
O arrebatador disco de estreia de AMMAR 808 é uma viagem pelo passado e futuro, ao mesmo tempo. Uma passagem pela tradição da região de Magreb através de um olhar futurista. E como uma boa ficção científica, fala muito mais do presente, antevendo o porvir. É do Nordeste de África, dominado pela presença do deserto do Saara, que Sofyann Ben Youssef, o homem por trás do projeto, tira inspiração para um dos trabalhos mais interessantes e intrigantes do ano. Em ‘Maghreb United’, ele pode causar certo desconforto pela sonoridade urgente e arisca, por vezes parecendo até desconexa. Sofyann faz uma junção insana de ritmos, retrabalhados através de um TR-808, lendário equipamento dos primórdios da eletrônica. Ele reimagina o universo de sons à sua volta, processando eletronicamente instrumentos de Magreb, como a flauta gasba, a gaita de foles zokra e a guitarra guembri, distorcendo vozes e acelerando as batidas de ritmos tradicionais. Com ajuda dos cantores Mehdi Nassouli (Marrocos), Sofiane Saidi (Argélia) e Cheb Hassen Tej (Tunísia), ele reguarda a tradição e faz uma conexão entre povos, sem soar folclórico ou condescendente. A ideia é prever uma África do amanhã, não necessariamente positiva, captando o que existe e imaginando como pode soar essa música daqui a 100 anos. O resultado é impressionante.

Autoramas – Libido

(2018, Hearts Bleed Blue (HBB) e Soundflat Records)
Rio de Janeiro – Brasil
Garage Rock/ Surf Rock
O Autoramas passou por várias mudanças nos últimos anos, trocou integrantes, virou um quarteto, e lançou discos sem o mesmo brilho daqueles da primeira década dos anos 00. A banda parecia que ia ficar estacionada num confortável status de ícone independente, mas nesse novo disco, o sétimo da carreira, o grupo retoma o seu melhor. Gabriel Thomaz, único da formação original, acerta nas composições, que tratam o cotidiano com seu humor peculiar, agora apostando mais em letras em inglês, e carregadas de melodias pegajosas. As batidas dançantes, o baixo distorcido, as guitarras envenenadas e a troca de vocais que marcaram a banda estão todos lá.

Bombino – Deran

(2018, Partisan Records)
Níger
Blues Tuareg
Se o mundo não fosse tão preconceituoso e eurocentrista, Omara ‘Bombino’ Moctar seria considerado um grande mestre da música. Se fosse um pouco mais justo, ele estaria tocando nas rádios e quem sabe seria um rock star. Com um trabalho profícuo e muito interessante, o cantor, compositor e guitarrista chega a seu sétimo disco, o quinto de estúdio, mais uma vez mostrando ser um dos grandes artistas da atualidade. O novo trabalho, ‘Deran’, que significa Desejo nos idiomas tuareg, segue os mesmos caminhos delineados por ele anteriormente, apresentando os sons do deserto do norte da África. Depois de rodar o mundo, tecer parcerias com astros do rock, ele voltou para África, gravou em um estúdio marroquino e se dedicou aos temas de sua terra, como as lutas do povo Tuareg e a valorização de sua língua Tamasheq. A sonoridade inconfundível, quase mística, é embasada pelo canto delicado, a percussão hipnótica e, especialmente, pelo riffs límpidos de sua guitarra que remetem ao blues, que se combinam com rock, pop, reggae e a música dos desertos do Mali e do Níger.

Courtney Barnett – Tell Me How You Really Feel

(2018, Milk! Records)
Austrália
Indie rock/ Folk rock
Aos 20 e poucos anos, a cantora Courtney Barnett havia chamado atenção com seu elogiado disco de estreia, ‘Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit’. Agora, aos 30, traz mais uma obra delicada, passeando pelo rock básico, de acordes simples, riffs econômicos e certeiros e um modo doce de cantar. ‘Tell Me How You Really Feel’ é mais introspectivo que seu antecessor, as letras trazem reflexões e questionamentos sobre a súbita fama, desabafos sobre política, machismo e relacionamentos. A sonoridade está mais melancólica, revelando uma artista mais madura, mas sem perder a capacidade de produzir canções com doses pop, ao mesmo tempo em que solta sua raiva juvenil com um forte poder poético.

Craca e Dani Nega – O Desmanche

(2018, Tratore)
São Paulo – Brasil
Rap / Eletrônica Experimental / Hip Hop
Em seu segundo disco, a dupla paulista aprofunda o que já apresentou no trabalho de estreia. Agora a união de rap e eletrônica ganha mais cores com um mergulho nas raízes da música brasileira. O resultado é um álbum arrojado e pouco usual, que coloca rap e eletrônica como alicerces para construção de uma sonoridade autoral e contemporânea. Como já indica no título, ‘O Desmanche’ é um processo de desconstrução de conceitos rígidos e estruturas estabelecidas. As bases e beats do produtor Craca soam orgânicas, experimentando especialmente com a cultura popular do Nordeste e o universo afroreligioso brasileiro. Ele utiliza pontos de umbanda e de candomblé, embolada, funk, atabaques, batidas, batucadas, berimbau e pífanos para produzir as 9 faixas do disco, sempre com muito groove e criativas melodias. A rapper Dani Nega vai além do canto falado, dividindo vocais com cantoras convidadas como Luedji Luna e Juçara Marçal, e injetando rimas certeiras que tratam de política, resistência e minorias. Um disco que aponta para um interessante caminho para o rap nacional.

Erasmo Carlos – Amor é Isso

(2018, Som Livre)
Rio de Janeiro – Brasil
Música brasileira
Poucos são os veteranos que mantiveram o alto nível de suas produções depois de uma certa idade. Boa parte consegue através de parcerias com uma turma mais jovem de colaboradores, que ajudam a arejar e atualizar as ideias. Erasmo Carlos, aos 77 anos, é um que tem conseguido uma sequência de interessantes trabalhos dessa forma. Depois de ‘Rock ‘N’ Roll’ (2009), ‘Sexo’ (2011) e Gigante Gentil (2014), com pegada mais roqueira, ele acerta de novo em ‘Amor é Isso, uma obra mais sensível, repleta de baladas feitas para sua atual namorada. Nesse 31º álbum de estúdio, o cantor se cerca de jovens, na produção, nos arranjos, tocando ou compondo. Não por acaso os destaques do disco são as composições de Marcelo Camelo e Teago Oliveira (Maglore). Mas tem ainda Emicida, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto, Nando Reis, entre outros.

Hookworms – Microshift

(2018, Domino)
Inglaterra
Neo-psychedelia / Space rock / Noise rock / Drone music
“Esqueça tudo o que você sabe sobre o Hookworms”. Foi assim que a banda anunciou seu retorno nesse terceiro disco, após perder todo o material que possuía numa enchente. Até então, o Hookworms fazia um interessante garage-rock-psicodélico. Nesse novo trabalho, o quinteto de Leeds dá uma guinada para outra direção. Aqui a marca é uma viagem pelos mundos da eletrônica, ambient music e pós-punk, com uma sonoridade carregada de sintetizadores, loops, efeitos, ruídos, texturas, variações rítmicas e ambientações etéreas. As experimentações sonoras delineiam todo o disco, que alterna momentos de experiências sensoriais com pop e disco music. Tudo isso com uma forte carga melancólica.

Illy – Voo Longe

(2018, Universal)
Bahia – Brasil
Música brasileira contemporânea
Em tempos que todo mundo acha que pode compor, a baiana Illy Gouveia se assume como “simplesmente” intérprete. O mérito, no entanto, não é apenas saber fazer isso bem. Nesse disco de estreia, ela soube pescar com sabedoria compositores famosos como Chico César, Arnaldo Antunes e Djavan, trazer á tona talentos baianos como Luciano Salvador Bahia, J. Velloso e Alexandre Leão, e desencavar uma obra do importante e pouco lembrado grupo baiano Confraria da Basófia. Produzido por Alexandre Kassin e Moreno Veloso, o trabalho passeia por ijexá, samba, salsa, mas também por jazz, rock e pop.

Jonathan Bree – Sleepwalking

(2018, Lil’ Chief Records)
Nova Zelândia
Indie pop/ Chamber pop
O som climático de Jonathan Bree remete às trilhas sonoras dos anos 70, com uma sonoridade sofisticada, misteriosa e repleta de sutilezas. Nesse segundo disco, ele traz influências que passam por pop barroco, música clássica e jazz. Mas ‘Sleepwalking’ guarda mesmo como trunfo um punhado de canções pop. Um pop sóbrio, de tom melancólico, denso e enigmático, com canções que fazem um mergulho nas relações humanas em suas diferentes formas. Um rico trabalho com texturas, melodias e harmonias, com a voz barítono de crooner de Bree dando o tom, contraposta com o doce vocal de Clara Viñals. Tudo amarrado com bem elaborados e cuidadosos arranjos.

Kyle Craft – Full Circle Nightmare

(2018, Sub Pop)
Estados Unidos
Indie rock
Depois de um elogiadíssimo disco de estreia, o cantor e compositor Kyle Craft mantém o nível com ‘Full Circle Nightmare’. Não espere nada de novo, o músico da Louisiana faz um passeio assumido pelo rock dos anos 70. Ecos de Bowie, Dylan, Stones, Elton John, Glam rock e o rock clássico perpassam todo o álbum e Craft não tem nenhum pudor em soar próximo ao que seus ídolos faziam. Com um modo meio arrogante, histriônico e enérgico de cantar, ele apresenta letras prolíficas que soam até controversas nos dias de hoje, tratando de mulheres, sexo, drogas. Mas ele vai além do usual ao tratar de femme fatales e amores falidos, se utilizando de metáforas e analogias, e problematizando o que se passa por sua cabeça. Produzido por Chris Funk do Decemberists, o álbum traz elementos como pianos, órgão, sax barítono, gaita e solos de guitarra e foi totalmente gravado ao vivo, o que dá ainda mais frescor e uma sonoridade que remete a grandes clássicos do rock.

Los Nastys – Música Para El Amor y La Guerra

(2018, Nacional Records)
Espanha
Punk/ Garage
O título do segundo álbum desta banda de Madri já indica uma certa bipolaridade, que segue na divisão das faixas, são cinco para o amor e outras cinco para a guerra. O punk mais tosco e agressivo dos trabalhos anteriores ganha contornos mais brandos. A banda, porém, não abandonou o modo garage rock de ser e segue com sua essência punk, brutal e irônica. Agora, há um equilíbrio entre a vontade de destruir tudo e momentos de ternura. Gritos furiosos, guitarras aceleradas, ritmos pesados e uma sonoridade sombria dividem espaço com emoções melancólicas, romantismo, sons melódicos, pianos e coros. O convívio do caos dilacerante do dia dia com o amor carnal. Como a própria banda diz, um trabalho criado como uma espécie de trilha sonora para suas vidas. Talvez para a vida de todos nós.

Lucy Dacus – Historian

(2018, Matador)
Estados Unidos
Indie Rock/ Folk Rock
Aos 23 anos, Lucy Dacus podia se contentar com a beleza de suas composições e de sua voz. Em seu segundo disco, ela mostra que vai além, solta versos melancólicos e intimistas, cheios de angústia e dor, através de sua voz calma e aveludada. As composições tratam de temas comuns, como desilusões amorosas, relacionamentos fracassados e perdas, mas a combinação de sua verve poética e o modo como canta dão um sabor especial. As canções são embaladas por melodias que afagam, ganham corpo com linhas melódicas ascendentes, alternância de momentos de introspecção e explosões e guitarras distorcidas. Um nome para se guardar.

Maria Beraldo – Cavala

(2018, Risco)
São Paulo – Brasil
Música brasileira contemporânea
Clarinetista, claronista, cantora e compositora, Maria Beraldo foi uma das melhores surpresas do ano até agora. Nesse primeiro disco solo, ‘Cavala’, ela apresenta a autêntica música brasileira contemporânea, trafegando por rock, jazz, eletrônica, experimentalismo e pop sem nenhum pudor. A sonoridade é tão atual quanto os temas que trata, quase sempre focados na discussão da sexualidade. A sensibilidade e verve poética mostram um trabalho pessoal que trata de desconstrução de gênero, lesbianismo, liberdade, transformação e morte de forma natural. Integrante do grupo Quartabê, Beraldo já tocou com nomes como Arrigo Barnabé, Elza Soares e Iara Rennó e estreia com um trabalho poderoso e corajoso.

Mazzy Star – Still EP

(2018, Rhymes of an Hour Records)
Estados Unidos
Dream-pop/ Neo psicodelia
A voz de Hope Sandoval surge sempre como um bálsamo para encarar as agruras do cotidiano. Estava fazendo falta. Sem lançar um novo trabalho há cinco anos, o Mazzy Star retorna com esse Ep, curtinho, com apenas quatro músicas, mas que dá um bom respiro na alma. O grupo, que havia parado e depois de 15 anos voltou com o disco ‘Seasons of Your Day’ (2013), mostra que ainda pode render. O EP traz três músicas inéditas e uma versão alternativa de “So Tonight That I Might See”, faixa que dá nome ao disco de 1993. Permanece o que a banda tem de melhor, com a doce voz de Sandoval aliada às guitarras delicadas e climáticas de David Roback criando uma atmosfera melancólica e nostálgica e um clima meio sombrio.

Parquet Courts – Wide Awake!

(2018, Rough Trade)
Estados Unidos
Indie rock/ Post-punk revival/ Dance-punk/ Punk rock/ Funk
Até o disco anterior, a banda norte-americana havia focado seu trabalho num misto bem sucedido de punk, pós-punk, indie rock e garage. Os fãs podem ter estranhado, mas o novo disco do grupo amplia o leque de influências e referências e propõe a busca por novos caminhos. A produção de Danger Mouse colabora decisivamente na nova proposta. O melhor é que o quarteto de Nova Iorque não precisou abrir mão de sua agressividade e ousadia. Pelo contrário, neste sexto álbum, Andrew Savage e companhia abraçam ainda mais as causas políticas e o teor critico. O grande diferencial, no entanto, é a inserção de novos elementos à ampla sonoridade do grupo. Funk, Disco e Pop se aliam ao que já faziam, abrindo ainda mais as possibilidades rítmicas, com uso de sintetizadores, teclado, congas, assobios e solo de acordeão. A cada faixa uma surpresa que indica uma nova direção, podendo passar por polirritmia, minimalismo art-punk e dance. Em ‘Wide Awake!’, o Parquet Courts explora universos ainda mais distantes num salto ousado que pode elevar a banda a outro patamar.

Pusha T – Daytona

(2018, GOOD/ Def Jam)
Estados Unidos
Rap
Se há um ambiente musical que não se furta em ser polêmico e fazer provocações sem pudor é o rap. Em seu terceiro disco, Pusha T escreve mais um capítulo dessa história. Em um álbum curto, de apenas 21 minutos, o rapper norte-americano solta o verbo e acerta vários alvos com sua narrativa. Ele fala de sua vivência com o tráfico de drogas, atira contra a indústria do Hip Hop, ataca o rapper Drake e estampa uma controvertida capa com uma foto de um banheiro da casa da cantora Whitney Houston em sua fase junkie. ‘Daytona’ vai, no entanto, além de simples polêmica, segue o cerne do Rap, dando sua visão da realidade dos negros americanos com rimas assertivas e uma produção caprichada. Aqui talvez apareça uma das razões da qualidade do álbum, a parceria com Kanye West. Ele é o mentor musical do disco, colocando o trabalho de Pusha T em um nível elevado. Com apenas sete músicas, ‘Daytona’ é curto e direto, com uma produção sombria, carregada de batidas criativas, profundas e pesadas, repleto de detalhes, como guitarras e samples precisos. O Rap americano segue carregando nas tintas com atrevimento e ousadia.

Ronei Jorge – Entrevista

(2018, independente)
Bahia – Brasil
Música brasileira contemporânea
Depois de encerrar as atividade com a Ladrões de Bicicletas, banda que o acompanhava e que lhe deu algum prestígio nacional, Ronei Jorge partiu para um outro projeto, o Tropical Selvagem, mais ligado à bases e beats eletrônicos e um apelo visual. Mas não demorou para Ronei assumir que não tinha outra opção senão encarar a carreira solo. Nesse primeiro fruto do novo trabalho, Ronei mergulha na música brasileira, mas sempre sob sua ótica bastante pessoal. O clima é mais ameno em relação a seus trabalhos anteriores, com menor presença rocker. Agora as harmonias com vozes femininas dão o tom e oferecem um brilho especial ao álbum. O grande trunfo, no entanto, continua sendo as potentes composições, que ganham um teor até mais político-social. Ronei segue em alto nível.

Whyte Horses – Empty Words

(2018, CRC Music Group)
Inglaterra
Pop psicodélico
Uma daquelas bandas para abraçar, tomar pra si e apresentar para todos seus amigos. Pop, psicodelia, indie, sonoridade dos anos 60, chanson, é difícil achar uma definição simplória. Nesse segundo álbum, o Whyte Horses, projeto do inquieto Dom Thomas, aponta para outros caminhos em relação ao elogiado disco de estreia, ‘Pop Or Not’. As diversas referências, que vão da Tropicália ao rock alemão, os arranjos criativos, as lindas melodias, os vocais flutuantes de Julie Margat, dão um tom de obra de arte, ou de “ópera bombástica quase pop”, como diz o release do álbum.

Wado – Precariado

(2018, Independente)
Alagoas – Brasil
Música brasileira contemporânea
Já são 10 discos lançados em quase 20 anos de carreira, sempre com belas canções e que passeiam por sonoridades diversas. Em todos, Wado consegue imprimir sua própria visão e um modo bem particular, seja fazendo rock ou axé music. Nesse novo trabalho, não poderia ser diferente, e o alagoano oferece mais um punhado de canções inspiradas, feitas a partir de um conceito. Aqui é a ideia do Precariado, proposto pelo filósofo norte-americano Noam Chomsky como toda a produção do terceiro mundo feita com mão de obra barata para o consumo de países dito desenvolvidos. É a partir dai que Wado se utiliza de elementos e referências, que passeiam por samba, eletrônico, experimentalismos e pop, para reverberar um desfile de obras sensíveis, contemplativas e até otimistas. É Wado reunindo o melhor de si e mostrando porquê é um dos grandes de sua geração.

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